Você tem medo de quê?
Você tem medo de quê?
Avião, altura, dentista,
cobra, sapo, assalto, multidão, violência de uma forma geral? Ou mesmo, ficar
sozinho, falar em público, amar de novo? O que você teme?
O medo pode ser normal e
ajudar a nos proteger, ou anormal e atrapalhar muito a vida, nos
aprisionando em nossas próprias emoções. Existem pessoas que sofrem com fobias
e não conseguem justificar tamanho pavor. Uma paciente relatou ter medo enorme
de lagarta, daquelas que ficam em árvores e queimam a pele ao menor contato.
Sempre que imaginava ou lembrava a famigerada lagarta, suava frio, seu coração
acelerava e tinha vontade de fugir.
É assim mesmo, mais que
um estado de espírito, o medo é químico e causa sensações corporais. Quando
alguém sente que está em risco, seu metabolismo acelera, antecipando a vontade
de fugir ou se defender. O coração bate mais forte, os nervos respondem em
menor tempo, os olhos se dilatam para poder enxergar melhor, a pele esfria e
fica arrepiada.
O medo também tem um
componente genético. Um rato de laboratório, por exemplo, se apavora com o
cheiro de uma raposa, sem nunca ter visto uma. Nós, humanos, também ficamos
apreensivos diante de situações que colocavam em risco nossos antepassados. Na
época em que o cérebro se desenvolvia, as picadas de cobra e os ataques mortais
de inimigos ferozes representavam ameaças reais, por isto, até hoje quando nos
deparamos com uma cobra, geralmente, sentimos medo, mesmo que esta não seja
venenosa. Neste momento se inicia uma comoção corporal, começando no cérebro,
esta máquina poderosa de aproximadamente um quilo e meio, que controla todo o
nosso corpo.
Funciona assim: o
tálamo, o receptor cerebral, passa informações para a amígdala, glandulazinha
do tamanho de uma noz que fica bem no centro do nosso comandante, onde são
processadas todas as emoções primitivas como medo, ódio, amor e raiva. A
amígdala, por sua vez, recebe as informações enviadas pelo tálamo e analisa os
dados com a ajuda do córtex visual. Este córtex é o responsável pelo
raciocínio. Partindo de uma espécie de “acordo”, eles decidem juntos se é
conveniente ou não fugir. Acontece que nos medos “sem sentido” ou
“exacerbados”, que normalmente chamamos de transtorno de pânico, crise de
ansiedade ou fobia, não há este acordo. A amígdala não consulta o córtex e
dispara o comando de fuga para o corpo. É como se a amígdala estivesse num
processo de aborrecimento com o córtex e não quisesse a sua opinião. É
uma espécie de falha no circuito que causa o chamado “medo irracional”.
Muitas pessoas
acometidas por este transtorno vão parar no pronto-socorro ou passam por diversos
consultórios médicos antes de procurar um psicólogo. Têm a impressão que vão
morrer: uma onda de sensações desagradáveis como falta de ar, dormência dos
membros, receio de enlouquecer se inicia e atinge seu ápice em menos de dez
minutos. Este medo paralisa, imobiliza e para não ter que enfrentá-lo, é comum
começarem a fugir de situações corriqueiras e cotidianas, dificultando assim a
sua existência. Este tipo de transtorno parece não ter uma causa específica.
Cientistas afirmam que é mais provável que seja resultado da
herança biológica, fatores psíquicos e ambientais, tudo isto juntos e
misturados, se potencializando.
A Terapia Cognitivo
Comportamental e a Terapia do Esquema juntas se potencializam e funcionam muito
bem para este tipo de transtorno, pois ajudam o paciente perceber padrões de
pensamentos que alimentam seus medos, apresentando estratégias para lidar com
eles, pois a forma como vemos a realidade e a interpretamos influencia as
emoções, comportamentos e reações fisiológicas. Podemos “entender” a realidade
de maneira exageradamente negativa ou catastrófica, aumentando nossos
medos. A realidade mora dentro da cabeça da gente, pois somos e vemos o
mundo de acordo com o que pensamos. Cuidar dos nossos pensamentos significa
zelar por nossa realidade interna e externamente.
Sentir medo é
absolutamente necessário para nos mantermos vivos. Seria impossível dar
continuidade à espécie humana se não tivéssemos este sentimento para sinalizar
que estamos em risco de vida. O problema é quando este medo, em vez de servir
como alerta de risco, se transforma em um transtorno para nossa existência e
nos impede de viver plenamente! Corajoso não é quem não tem medo, mas quem
enfrenta seus monstros e sai vitorioso da batalha. Uma dica para driblar o medo
é refletir sobre o assunto. Dê tempo para que o circuito cerebral ocorra
normalmente. Permita que a sua amígdala discuta o assunto com o seu córtex
cerebral, ou seja, abra espaço para a razão dominar a emoção, tome posse dos
seus sentimentos e saiba que, se conseguir passar por isto, isto passa. É
simples assim. Dê um tempo, respire e sinta-se no controle da situação. Seja
feliz, transforme a sua realidade e não desperdice a existência,
afinal você é o que você pensa!
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