BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA POSITIVA
Queridos
leitores, pacientes, amigos, alunos, colegas de trabalho, sei que este espaço é
destinado ao
público em geral e não se restringe ao mundo acadêmico. Mas, ao
preparar uma aula, pesquisei e descobri coisas interessantíssimas sobre a
história da psicologia positiva e por
isto gostaria de compartilhar com vocês. Sei que foge um pouco do perfil do meu
blog, mas prometo que é bem interessante. O objetivo do texto é criar uma visão
panorâmica da história da psicologia positiva, que é extremamente recente.
Surge agorinha mesmo, no fim do século passado, em 1998 com Martin Seligman e
tem causado grande reverberação mundial. O interessante aqui é observar como a
responsabilidade pelo nosso bem estar vem mudando ao longo da história da
humanidade. Percebam bem como o eu, a consciência e a racionalidade aparecem e
desaparecem ao longo deste percurso.
Para atingir este objetivo vou
precisar retornar a 300 anos antes de Cristo e falar sobre Aristóteles, filósofo grego que acreditava que toda ação humana é
perpetrada para se atingir a felicidade.
E, para ser feliz é preciso ser VIRTUOSO.
E uma vida virtuosa exige ESFORÇO E
MOVIMENTO. As virtudes, para Aristóteles são ATOS CONSTANTES que levam o homem para o caminho do bem. Elas fazem
parte da natureza, são adquiridas pelo exercício e não são inatas. É a virtude que dá valor à felicidade. Aqui o Eu e a racionalidade são
responsáveis pelo movimento que leva a felicidade!
Com o advento do cristianismo, o eu perde força para os
poderes do Deus único e maior e a racionalidade aristotélica cai por terra, levando junto a responsabilidade do
indivíduo pela sua felicidade.
Quase dois mil anos depois, em 1879, a psicologia se aparta da
filosofia e fisiologia e se torna uma ciência independente. Quando surgiu, a
psicologia tinha a consciência como foco. Além de curar as doenças, a psicologia tinha
como objetivo tornar a vida das pessoas mais produtiva e feliz. Duas linhas
então se destacam: O Behaviorismo e a
Psicanálise. A primeira, considera o
indivíduo resultado de estímulos e respostas, expulsando a consciência da cena,
e a segunda, foca no inconsciente, algo indizível, indescritível, que causa o
sujeito. Mais uma vez, o eu e a cognição
não entram no jogo. .
Em 1945, com o fim da II Guerra
Mundial, a psicologia volta o seu olhar apenas para a doença, pois grandes
investimentos foram feitos para que fossem amenizadas as consequências desta
grande desgraça humana. Aqui, além do eu, a saúde mental também foi
negligenciada.
Em 1950, começa a surgir a chamada Revolução Cognitiva, que traz para
cena o PROCESSO DO CONHECIMENTO. Os
Cognitivistas começam a se interessar pela
FORMA que a mente estrutura e organiza a experiência. Não consideram mais o
indivíduo como resultado de estímulos e respostas, como faziam os
behavioristas, nem como resultado de algo indizível e indefinível como
preconizavam os psicanalistas com a sua noção de inconsciente. Para os
psicólogos cognitivos, o indivíduo atua organizando criativamente os estímulos
recebidos no ambiente. Agora o EU entra
em cena definitivamente.
Em 1960
ir a Psicologia Humanista de Maslow, e as Terapias Cognitivas e Ellis e Beck,
começam a tomar corpo. A questão central
do Humanismo era: Se os psicólogos estivessem com o foco exclusivo na doença
mental, como poderiam aprender alguma coisa sobre SAÚDE MENTAL e QUALIDADES HUMANAS? O Humanismo foi chamado também
de terceira força pois sua intenção era SUBSTITUIR
o COMPORTAMENTALISMO E A PSICANÁLISE.
Os pontos essenciais desta teoria eram: a ênfase no consciente, a crença
na integralidade da natureza e na conduta do ser humano, a concentração no
livre-arbítrio, na expontaneidade e no poder de criação do indivíduo e o estudo
de tudo que tem importância para a condição humana. (Teoria da
Autorrealização). Carl Rogers também foi
um importante teórico deste movimento. Ele inaugurou a chamada Terapia Centrada
na Pessoa. Ao contrário do Maslow, sua
concepção teórica partiu do estudo de pessoas emocionalmente perturbadas. Ele
propôs que cada pessoa possui uma tendência inata para atualizar as capacidades
e potencialidades do EU. Para Rogers, a personalidade é moldada pelo presente e
pela maneira como o percebemos conscientemente (Teoria da
auto-atualização). O fracasso do
humanismo se deu pois a maioria dos psicólogos humanistas trabalhavam apenas em
consultório e, ao contrário dos psicólogos acadêmicos, não fizeram o mesmo
número de pesquisa e nem publicaram artigos ou treinaram novas gerações de
pós-graduação para dar continuidade à sua tradição.
As chamadas TERAPIAS COGNITIVAS começam
a surgir também na década de 60 com Albert Ellis e Aaron Beck. Ambos
psicanalistas começam a rever os seus conceitos. Não dá mais para negligenciar
o EU.Em 1962 Albet Ellis cria a Terapia
Racional Emotiva Comportamental (TREC)
que tem como objetivo identificar e mudar CRENÇAS irracionais consideradas as bases dos transtornos
psicológicos. A TREC de ELLIS foi uma reação ao modelo psicanalítico que não
levava em consideração as bases filosóficas das perturbações emocionais,
atendo-se apenas à assuntos historicamente irrelevantes e desvalorizando o uso
de técnicas comportamentais para a mudança de atitude. Aaron Beck utiliza as bases
teóricas do Ellis e busca compreender as
causas da depressão. Em 1967 escreve seu primeiro livro propondo e
sistematizando a Terapia Cognitiva: “Depressão: aspectos clínicos,
experimentais e teóricos.
Na década de 70, Albert Bandura,
autor da chamada TEORIA SOCIAL COGNITIVA,
começou a enfatizar o papel do REFORÇO
na AQUISIÇÃO DO COMPORTAMENTO. Para
Bandura, o indivíduo também é capaz de aprender através do REFORÇO
VICÁRIO, ou seja, através da observação do comportamento dos outros e de suas
consequências.. Para ele, tratar os
sintomas, significa tratar o distúrbio, pois eles são a mesma coisa. Criou o conceito de Auto-Eficácia que
significa o nosso sentido de AUTO-ESTIMA
ou de VALOR PRÓPRIO, sensação de adequação e eficiência em tratar dos
problemas da vida. Agora, além do EU, o OUTRO é incluído nos processos psicológicos.
E é a partir deste cenário que
surge, em 1998, a Psicologia Positiva com Martin Seligman que retoma o conceito de
FELICIDADE e VIRTUDES DE ARISTÓTELES e
começa a construir a sua chamada PSICOLOGIA POSITIVA. Martin Seligman, filósofo por formação, utiliza
e transforma ideias lançadas pelo MOVIMENTO COGNITIVO e aproveita a sua
influência como presidente da APA (Associação Americana de Psicologia) e começa a construir a sua chamada PSICOLOGIA
POSITIVA que põe no centro da questão o BEM-ESTAR SUBJETIVO DO INDIVÍDUO. E
nós, queridos, estamos atualmente no centro deste movimento. Fazemos parte
desta história. Cabe a nós, psicólogos e interessados na evolução das
potencialidades humanas, dar continuidade a este novo modelo de pensamento.
Novas propostas e intensas pesquisas serão bem aceitas e fortalecerão o
movimento. O convite está feito.
Adriana Santiago
crp: 05-20345
crp: 05-20345
Psicologia Positiva
Consultório: Itaipu - Santa Rosa - Copacabana
Olá Adriana! Obrigada por compartilhar o conhecimento e escrever de forma tão bem estruturada sobre o assunto.
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