ESQUEMA DE DESCONFIANÇA/ABUSO

ESQUEMA DESCONFIANÇA/ABUSO
A HISTÓRIA DE EDUARDO


   Eduardo veio de uma infância traumática, assim como boa parte dos habitantes do planeta terra. Seu pai, um alcoólatra inveterado, bebia todas as noites num bar perto de casa. Com nove anos de idade, ele se sentia na obrigação de trazê-lo arrastando as pernas pelas ruas do bairro pobre onde moravam.

   Enquanto seu pai se embriagava, sua mãe levava os amantes para casa e fazia sexo na sua frente. Quando não havia amante disponível, a mãe lhe mostrava o corpo, de maneira sexualmente provocante, com a desculpa de educá-lo para a vida. Ela também o submetia à abusos físicos e verbais. Dizia que ele era um imbecil e que não devia ter nascido.

   O abuso da mãe e a negligência do pai, o deixaram com a impressão de que era inadequado, ele tinha vergonha de existir, se sentia sem valor e não merecedor de amor.
Agora, com 36 anos, Eduardo cria o seu filho de 5, pois sua esposa  o deixou por outro homem, calcificando sua crença central: “As pessoas sempre vão  usar e abusar de mim”. Cabisbaixo, triste e desamparado, sofre de ansiedade social e não consegue controlar a sua raiva. Neste estado,  procurou a terapia.

   Pacientes com o esquema central de Desconfiança/Abuso têm a expectativa de que os outros vão mentir, trair e obter vantagens sobre eles de várias maneiras. Irão também tentar humilhá-los ou abusar deles. Geralmente são defensivos e desconfiados. Acreditam que as pessoas querem machucá-los intencionalmente ou, em estágios mais graves do esquema, têm certeza de que as pessoas são malevolentes, sádicas e têm prazer em magoar os outros. Chegam a pensar que seus pares só querem torturá-los e usá-los sexualmente.  Geralmente evitam a intimidade, não compartilham seus sentimentos e pensamentos mais profundos e como “ataque preventivo”, muitas vezes acabam abusando ou  traindo outras pessoas: “Vou pegá-los antes que me peguem”. Este é o pensamento que rege suas ações. É também comum escolherem parceiros abusadores e permitem que abusem dele física, sexual e emocionalmente, pois assim confirmam a tese já conhecida da sua infância.

   Quando Eduardo escolheu Marina, ele já sabia de seu comprometimento afetivo, mas mesmo assim decidiu apostar. Mais uma vez aqui não foi o AMOR que regeu a decisão, mas a cumplicidade sintomática. Marina ia o trair. Todo seu histórico de vida e estrutura mental indicavam isto. Ela era totalmente “intensa” nos sentimentos. Variava de estados de muita euforia, para profunda depressão. Seus vários relacionamentos amorosos de curta duração denotavam uma instabilidade e falta de controle emocional. Eduardo sabia e topou se casar com ela.

  Ele precisava reforçar o que foi vivido em sua infância traumática. Era incapaz de formar vínculos seguros e satisfatórios com outras pessoas, pois acreditava que suas necessidades de segurança, cuidado, amor e pertencimento não seriam atendidas.

   Atualmente Eduardo encontra-se em tratamento, tentando reestabelecer vínculos mais estáveis e fazer escolhas mais saudáveis para a sua vida amorosa. Está começando a entender que construímos, na relação, o amor tão esperado por todos nós.
Vida que segue!!!!!!

   No próximo post, falarei sobre o Esquema de Defectividade/Vergonha!

   Até breve

(Todos os nomes aqui citados são fictícios)


Adriana Santiago
CRP: 05-20345

PSICOLOGIA POSITIVA

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