DEPRESSÃO - PSICOTERAPIA X MEDICAMENTOS
Tristeza profunda, paralisia da vontade, sensação de que nada vale à pena, desesperança, desamparo, dores pelo corpo sem motivos aparentes, humor irritável, estes são alguns sintomas que os pacientes deprimidos apresentam quando procuram ajuda em nossos consultórios. Geralmente, não sabem exatamente o porquê da falta de prazer nas atividades cotidianas e o motivo da dificuldade em focar a atenção. Seus pensamentos são depreciativos e pessimistas, o cansaço físico é imenso e a oscilação entre lentidão e agitação mental é bastante comum. A melancolia não é localizada, não tem cara nem limites, ela invade as entranhas dos sujeitos e os contamina com uma cor cinza. E é desta forma que eles vêem o mundo: monocromático.
Segundo a OMS
(Organização Mundial de Saúde), em 2030 a depressão afetará mais pessoas do que
o câncer e problemas cardiovasculares. É
uma doença letal, pois os indivíduos deprimidos entregam-se, não lutam, e
muitas vezes desistem de existir, causando a própria morte e provocando, com
isto, dores intensas em seus familiares e amigos. Portanto, além de fatal, é
contagiosa.
Agora, quais
são as causas desta doença grave que assola a humanidade? Por que algumas
pessoas reagem de forma positiva a alguns acontecimentos traumáticos, enquanto
outras são assoladas por uma sensação de impotência e desespero? Por que muitos indivíduos, diante de uma
adversidade qualquer, renascem das cinzas, como Fênix e se reinventam, e outros,
arrastam a corrente da amargura pela vida e nunca mais conseguem sair do lamaçal
afetivo para o qual foram atraídos. As experiências infantis, as marcas
indeléveis que trazemos da nossa vida infantil contam muito para moldar o
jeito que reagimos às pequenas e grandes tragédias cotidianas. Esta construção
de subjetividade, feita através da relação parental e do temperamento do
indivíduo é fundamental para determinar se processos depressivos se instalarão
ou não. Pessoas que tiveram vínculos seguros, liberdade de expressão, limites
realistas, foram estimuladas em sua individualidade e autonomia na infância,
reagem de forma mais positiva às adversidades normais da vida. No entanto, indivíduos
cujas primeiras experiências foram nocivas, costumam reagir muito mal quando
são confrontados com situações desfavoráveis.
A busca da
cura da depressão através de medicamentos somente é inócua, pois como um analgésico
para quem está com dor de dentes, os antidepressivos servem apenas para aliviar
o sofrimento imediato, mas não curam a causa da enfermidade. Além do mais,
causam efeitos colaterais que, muitas vezes, são piores que os sintomas da
depressão. Dores de cabeça, pressão alta, problemas estomacais, insônia, constipação
intestinal e ressecamento da mucosa, falta de apetite e perda da libido são
alguns exemplos. Ora, como se curar de uma tristeza profunda se o remédio para
isto causa “enfezamento” e falta de tesão? A cura para a depressão sem dúvida
está na reconstrução da subjetividade e auto-estima do indivíduo. Nós, psicólogos, podemos contribuir muito para ajudar nesta reinvenção, na re-significação das dores da alma, que muitas vezes fazem sofrer também o corpo físico. O entorpecimento farmacológico pode nos ajudar no início, mas é fato que sozinho não conseguirá debelar as causa do que faz sofrer o sujeito.
Até
mais,
Adriana
Santiago
CRP:
05-20345
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