HÁBITO X FORÇA DE VONTADE
Há algum tempo venho batendo
nesta tecla: O que há de mais interessante na PSICOLOGIA POSITIVA é que todas
as suas “descobertas” são pautadas em pesquisas científicas. E é a partir daí que
iremos abordar um tema tão interessante
na mudança de hábitos alimentares: A DISPUTA ENTRE A “FORÇA DE VONTADE E O
HÁBITO”.
Willian James, considerado pai da
psicologia científica, já em 1875 afirmava que nós somos “meros apanhadores de
hábitos” e só por isto somos capazes de realizar automaticamente diversas
tarefas cotidianas como escovar os dentes ao amanhecer ou dirigir sem parar para pensar no que estamos
realizando. Imaginem só se estes hábitos não estivessem “no automático”: teríamos que fazer diversas escolhas pequenas
ao longo do dia, o que nos deixaria absolutamente exaustos. Ao entrar em nosso
carro, por exemplo, pensaríamos sobre o fato de dar ré, se estamos numa garagem
e precisamos manobrar; logo em seguida pensaríamos se conseguiríamos atingir
uma determinada velocidade para mudar de marcha; ficaríamos ali também pensando
sobre o quão rápido deveríamos tirar o pé da embreagem (caso seu carro não seja
automático) para apertar o acelerador e enfim, botar de novo o pé na embreagem
e mais uma vez mudar de marcha.....uffaaaaaa...cansa, né? Ainda bem que, pelo menos para os que possuem
habilitação e
HABILIDADE para dirigir, isto não é necessário. Entramos em
nossos carros e simplesmente fazemos o que precisa ser feito, sem dar muito atenção
aos detalhes deste fato corriqueiro. Dirigir, neste caso, não desgasta nossas
reservas de energia nem nossa capacidade de processamento cerebral.
Mas, qual é o grande barato desta
conclusão do Pai da Psicologia Moderna: o grande barato é que podemos MOLDAR nosso comportamento através de
TREINO COMPORTAMENTAL. Calma aí, não estou dizendo com isto que somos tabulas rasas,
mero sugadores de experiências e impressões. Os neurocientistas atualmente
comprovaram a tese do James descrevendo o processo. Vejam bem: nosso cérebro
possui bilhões e bilhões de neurônios, interconectados de diversas maneiras
para formar uma rede complexa de caminhos neurais. Correntes elétricas
percorrem esses caminhos de um neurônio a outro, levando mensagens que
constituem todos os nossos pensamentos e ações. Quanto mais realizamos uma
determinada ação, mais conexões se formam entre os neurônios correspondentes. E
quanto mais REPETIMOS determinada ação, mas estes caminhos são reforçados! É
isso que faz um comportamento parecer automático ou instintivo e é assim que
nos tornamos HABILIDOSOS em uma atividade. E mais uma novidade bastante
interessante: os neurocientistas também descobriram que estes caminhos neurais
se dão independente da idade. Ou seja, com 22 ou 72, podemos criar novos
hábitos!
Bom, não há mais desculpas! Os
HÁBITOS podem ser moldados e modificados há de eterno! Não há idade que possa
impedir nossa mudança. Mas, o que tem isto a ver com a famigerada “FORÇA DE
VONTADE”. Já repararam como FORÇA DE
VONTADE muitas vezes vira até desculpa? “Ah,
coitado, ele não conseguiu mas teve muita FORÇA DE VONTADE”! Quando pergunto
aos meus pacientes do projeto de reeducação alimentar: De 0 a 10 o quanto você
quer emagrecer? Invariavelmente a resposta é 10! Mas, quando pergunto o quanto está disposto à
mudar o escore cai consideravelmente para 6! Ou seja, a “FORÇA DA VONTADE” está
lá tinindo, mas a atitude não acompanha o desejo.
Qualquer pessoa que já tenha
tentado manter-se numa rigorosa dieta já passou por lapsos da “FORÇA DE VONTADE”. O sujeito tá lá firme em seu propósito, se
negando ao que “HÁ DE BOM”, restringindo o seu desejo e com a sua “FORÇA DE
VONTADE” segurando a sua boca. O que naturalmente acontece é: “A FORÇA DE
VONTADE” vence a batalha e o pobre
coitado cai em derrocada num rodízio de massas, numa churrascaria ou mesmo em
casa atacando tudo que lhe fora proibido durante CINCO dias seguidos. Nocauteado
pelo desejo, o incauto se sente incapaz de proceder no seu projeto para atingir
sua meta. Já perceberam que depender da FORÇA DE VONTADE para evitar
completamente determinados alimentos é furada? É por isto que pessoas que adotam dietas
radicais têm muito mais chances de recuperar o peso do que pessoas que comem de
maneira saudável, anotando, mas sem restrições qualitativas.
O grande problema é que achamos
que podemos ir de 8 a 80 em um só instante alterando ou destruindo hábitos
profundamente arraigados só pela FORÇA DE VONTADE. A razão pela qual a FORÇA DE
VONTADE é tão ineficaz em manter a mudança é que quanto mais a usamos mais ela
se DESGASTA. Vários estudos comprovam esta tese¹ . O sujeito tentando manter a
FORÇA DE VONTADE não se concentra em mais nada. A “FORÇA DE VONTADE”
diferentemente do “HÁBITO”, quanto mais se usa mais se enfraquece.
Qual seria então a solução?
Fortalecermos nossos hábitos e deixar a nossa FORÇA de VONTADE de lado. E como
fortalecer nossos hábitos? Shawn Achor pesquisador do comportamento humano e
professor de Psicologia Positiva da Universidade de Harvard sugere que
coloquemos nosso COMPORTAMENTO DESEJADO NO CAMINHO DA MENOR RESISTÊNCIA. Ou
seja, devemos focar no que queremos e FACILITAR PARA QUE O NOSSO OBJETIVO SEJA
ALCANÇADO. A estratégia é: REDUZA A ENERGIA GASTA PARA ATIVAR HÁBITOS QUE
DESEJA ADOTAR E AUMENTE-A PARA HABITOS QUE DESEJA EVITAR. De forma prática numa
mudança de hábito alimentar o caminho é: não
gaste energia evitando o que teoricamente você não pode ou não deve.
Deixe a força de vontade de lado e use a força do hábito. Habitue-se a
alimentar-se de forma PROGRAMADA e ORGANIZADA, sem resistências, pois só assim
você criará CAMINHOS NEURAIS que em pouco tempo se tornarão HABITUAIS E SIMPLES
DE SEREM MANTIDOS. Esta é a única
possibilidade de aumentar a nossa capacidade de dar início à MUDANÇAS DESEJADAS
EM NOSSA EXISTÊNCIA.
Bons Hábitos e Seja Feliz!
Adriana Santiago
Crp 05-20345
86622565 – 26092565 - 26094075
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